Exposição Negros Pintores
De 24 de agosto a novembro de 2008, terça a domingo, das 10h às 17h
Pavimento térreo do Museu Afro Brasil, Av. Pedro Álvares Cabral, s/no, portão 10, Parque Ibirapuera, São Paulo, SP
Telefone: (11) 5579 0593
Entrada gratuita
Mais informações: www.museuafrobrasil.com.br
Exposição no Museu Afro Brasil, resgata a qualidade e a dimensão de artistas dos séculos 19 e 20 pouco conhecidas por público e crítica
Como complemento expositivo a curadoria do Museu apresenta ainda fotografias e documentos, além de uma releitura de ateliê do século XIX, com objetos, papéis e material educativo com acesso ao público. Outras curiosidades são a palheta de Estevão Silva e caixa de pintura de Arthur
Os dez artistas
Arthur Timótheo (1882-1922) | Com o irmão, João Timótheo (presente também com obras nesta exposição), realizou trabalhos de caráter público como as decorações do Fluminense Futebol Clube, entre 1920 a 1924, e do Copacabana Palace Hotel, no Rio de Janeiro. Para o crítico José Roberto Teixeira Leite, autor do livro “Pintores Negros do Oitocentos” (1988), o artista é um dos pioneiros do modernismo no país. Arthur esteve na Europa onde manteve contatos artísticos as quais influenciaram na realização de nus, retratos e paisagens. Morre jovem em um hospício carioca.
Benedito José Tobias (1894-1963) | Nascido em São Paulo, o artista é mais conhecido pelos pequenos retratos de negros e negras realizados a óleo sobre madeira ou a guache sobre papel, “com maestria e com uma certa tensão expressionista”, segundo avaliação de Emanoel Araujo no texto de apresentação da exposição. Tobias tem obra pouco pesquisada ainda, apesar da qualidade e do empenho do artista em desenvolver a técnica pictórica.
Benedito José de Andrade (1906-1979) | Pouco conhecido ainda, o artista paulista realizou obras entre as décadas de 30 e 40. Recebeu vários prêmios e está inserido historicamente numa circunstância de intensa produção artística. Seus trabalhos são quase que exclusivamente concentrados na representação dos negros. Emanoel Araujo escreve no livro “Museu Afro Brasil – um conceito em perspectiva”, que o artista “se aproximava daquilo que o retratado tinha de mais humano”
Emmanuel Zamor (1840-1917) | Nasceu em Salvador, foi pintor e cenógrafo e estudou música e desenho na Europa. Freqüenta a Academie Julian, em Paris, anos antes de Tarsila do Amaral. Pesquisas indicam que teria convivido com Cézanne, Renoir, Degas, Pisarro, Monet e Sisley. Volta ao Brasil para uma curta temporada e perde parte de suas obras em um incêndio. De volta à França sua obra ganha reconhecimento e sua obra é arrematada quase que totalmente. O MASP realizou exposição antológica em 1985.
Estevão Silva (1845-1891) | Pintor e professor, nasceu no Rio de Janeiro. Estudou na Academia Imperial de Belas Artes e teve como companheiros Almeida Junior, Rodolfo Amoedo, Firmino Monteiro (presente na exposição) e outros. Ligou-se ao Grupo Grimm, a qual buscava representar a natureza ao ar livre e não mais dentro do ateliê. Reconhecido pelas naturezas-mortas, realizou igualmente pinturas históricas, religiosas, retratos e alegorias. Foi elogiado pelo crítico Gonzaga Duque pelo verismo de suas naturezas-mortas.
Firmino Monteiro (1855 – 1888) | Nasceu no Rio de Janeiro e teve várias profissões: encadernador, caixeiro e tipógrafo. Cursou a Academia Imperial de Belas Artes, onde foi aluno de Victor Meireles, e foi incentivado, por meio de viagem à Europa, pelo imperador Pedro II. Viveu mais no exterior do que no país e teve notoriedade pelo virtuosismo nas paisagens. Recebeu contínuos elogios do crítico Gonzaga Duque.
João Timótheo (1879-1932) | Artista de produção numerosa (deixou cerca de 600 obras), iniciou o aprendizado na Casa da Moeda do Rio de Janeiro. Pintor, decorador e gravador, João realizou paisagens, retratos, marinhas, pintura histórica e de costumes. Foi aluno de mestres como Rodolfo Amoedo e Zeferino da Costa. Mora em Paris e realiza o Pavilhão Brasileiro na Exposição Internacional de Turim, em 1911. Juntamente com o irmão, Arthur (presente na exposição), produz importantes decorações públicas no Rio de Janeiro. Morre jovem em um hospício.
Horácio Hora (1853-1890) | Nasceu em Sergipe e esteve ao lado de artistas como Benedito Calixto e Pedro Weingartner, apesar de ter desenvolvido uma obra particularizada. Foi para Paris onde era freqüentador habitual do Louvre. Ganhou vários prêmios e a sua tela considerada obra prima é “Pery e Cecy”, inspirada na literatura de José de Alencar.
Rafael Pinto Bandeira (1863-1896) | Aos 16 anos já estava na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Prematuramente reconhecido, o artista permaneceu por vários anos em Salvador onde foi professor de desenho e paisagismo. É considerado como um dos mais importantes paisagistas e marinhistas do século 19. O crítico José Roberto Teixeira Leite aproxima sua produção ao do francês Camille Corot.
Wilson Tiberio (1923-2005) | Nasceu no Rio Grande do Sul e viveu durante longo período em Paris. O distanciamento do país, segundo texto de Emanoel Araujo sobre a exposição, o teria levado a pintar repetidamente motivos afro-brasileiros. O artista esteve no Senegal e se envolveu em movimento revolucionário, ao qual foi expulso. Faleceu na França e a mostra de obras do artista é uma homenagem póstuma do Museu Afro Brasil.
@professorpaulo
fonte: Museu Afro Brasil




